Viagens da nossa terra, Albufeira e Silves
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Um café, de preferência curto e sem açúcar, para adoçar a vida estamos cá nós.
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A genialidade que se sugere este fim-de-semana está relacionada com o nascimento de um movimento cultural e social no México, o Muralismo mexicano e um dos seus mais influentes autores, Diego Rivera. Nascido em Guanajato, México, em 1886, Diego morreu com quase 71 anos em 1957 na cidade do México. Foi um dos mais influentes fundadores do movimento, juntamente com José Orozco e David Siqueiros.
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O homem controlador do Universo |
A composição é dividida em três seções: na parte central do mural, o operário aparece operando a máquina que controla o universo, manipula a vida e divide o macrocosmo do microcosmo.
Os cravos acompanhavam as pessoas no habitual desfile de 25 de Abril, o dia foi de comemoração e a boa disposição era geral, até o ar que se respirava era mais fresco e sabia mais a Primavera. Passaram 44 anos desde que foi restaurada a democracia em Portugal, e só por si, esse facto já merece ser comemorado, no entanto a revolução dos cravos foi mais do que a queda de um regime fascista, foi a tentativa de implementação de uma sociedade diferente do até então estabelecido por cá.
Em vésperas de uma das mais importantes datas do calendário português, o 25 de Abril, quero deixar convosco uma genialidade de um verdadeiro génio, que em muito ajudou a que fosse possível a revolução dos cravos, fazendo da poesia uma verdadeira arma da resistência fascista, José Carlos Ary dos Santos. Autor de poemas icónicos do cenário nacional, Ary dos Santos, deixou um antes e um depois da sua passagem pela terra, poemas que se transformaram nas melhores músicas do século XX, como, “a desfolhada”, “os putos” “Lisboa menina e moça” e tantas outras que ainda hoje passam nas rádios.
Em plena ditadura, corria o ano de 1938, nasce Ary dos Santos. Cedo o seu bichinho pela escrita nasce e já na adolescência, então com 16 anos vê os seus poemas serem escolhidos para o prémio Garret. Ary começou a sua militância em 1969 no Partido Comunista Português, mesmo tendo descendência de famílias aristocratas sempre procurou lutar contra o tipo de sociedade em que tinha crescido, e os seus poemas são na sua generalidade acerca do socialismo e da esperança do surgimento de uma sociedade diferente para o Portugal que estava prestes a transformar-se com o 25 de Abril de 1974.
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Ary dos Santos – Pensador, citações |
A genialidade que vos quero deixar está relacionada com a data que se avizinha. Aqui, neste belo poema, declamado várias vezes pelo próprio Ary dos Santos, ficamos a perceber melhor esta data, desde o porquê da revolução, da necessidade de mudar de sistema até ao que se esperava depois da revolução. As esperanças eram muitas, a memória era recente e a sociedade era extremada. Mas hoje as esperanças são poucas, a memória parca e nós, simples cordeiros que segue o rebanho. Por isso urge ler, ouvir e ficar a conhecer esta obra prima de Ary dos Santos, “As portas que Abril abriu” para não se deixar morrer o pouco que ainda sobra de Abril e lembrar que o que temos de liberdades e garantias resultaram da revolução de um povo, numa madrugada de 25 de Abril.
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Ouvir Ary dos Santos a declamar “As portas que Abril abriu” |
E aqui fica o excerto escrito escolhido por mim.
“Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.
Posta a semente do cravo
começou a floração
do capitão ao soldado
do soldado ao capitão.
Foi então que o povo armado
percebeu qual a razão
porque o povo despojado
lhe punha as armas na mão.
Pois também ele humilhado
em sua própria grandeza
era soldado forçado
contra a pátria portuguesa.
Era preso e exilado
e no seu próprio país
muitas vezes estrangulado
pelos generais senis.
Capitão que não comanda
não pode ficar calado
é o povo que lhe manda
ser capitão revoltado
é o povo que lhe diz
que não ceda e não hesite
– pode nascer um país
do ventre duma chaimite.
Porque a força bem empregue
contra a posição contrária
nunca oprime nem persegue
– é força revolucionária!
Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.
Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.”
Espero que tenham gostado. Ver também
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Universo em desencanto